segunda-feira, 19 de julho de 2010

CALÇA COLORIDA



Não sabia em qual gênero textual se enquadrava meus textos da série "Adolescentes de hoje" e "Sô Emo Memo"... Mas em conversas com quem entende do assunto chegamos a conclusão de que se tratam de Mini-contos.

domingo, 18 de julho de 2010

terça-feira, 18 de maio de 2010

AMANHÃ

AMANHÃ

Hoje, acordei
e não encontrei ar.
Vivi demais.
Pela manhã, a última janela fechava seus olhos.
O sol queimava a pele do passado.
E as folhas?
Secas,
secas e caídas...
...
e caindo.
Então, fiz poemas redondos
e girei em torno de si,
na rapidez expressa
de uma estrofe desconexa.
À noite, arrancaram as raízes do meu ventre,
e a saudade virou lembrança adormecida.
Sou fiel à altivez do tempo,
relapso contra-tempo de morte.
Livremente, levemente...
O acabado me define.

ANTROPÓFAFO AMOR

ANTROPÓFAGO AMOR

O amor é um lirismo abastado em fantasia,
declamada serenata,
poesia.
É fortuna hereditária,
colorida nos álbuns, lembranças de família.
Velho abraço de um pai,
olhar de mãe que nunca cansa.
O amor é isso e mais aquilo
no sorriso da criança.
São ponteiros que dançam na vida-relógio,
é o ato do fato, dar sem receber,
dança de almas, encontro melódico.
O amor é a união da fome com a vontade de comer.

FALANDO DE AMOR

FALANDO DE AMOR...(?)

Cansei-me de amar o amor que sinto.
Cansei-me de amar o amor que minto.
Os que se dizem amar
Escrevem tanto sobre o amor...
Onde está escrito que amar é escrever sobre?
Quem inventou o amor escreveu a receita
em papel toalha no fundo do mar.
Por que amo tanto? Por que não sei o porquê?
Não sei amar sem saber, não vou saber sem amar...
Por que tudo de amar dá barro nos olhos?
Barro que seca sob o sol do meio-dia.
De que dia? Barro? Que horas são?
O amar real é passível de loucura besta
E, se hoje é sexta, por que não deixei de te amar? Já faz uma semana.
Então, rolo na cama até que esse amor se vá.
Mas... e quando o outro chegar?

sábado, 15 de agosto de 2009

BIOGRAFIA NUMA NOITE


Foto:Sebastião Salgado

BIOGRAFIA NUMA NOITE

Minha poesia, às vezes,
Parece que foge de mim
Sinto que não tenho nada a sentir, nada a dizer

Talvez a única coisa a fazer
Seja dançar um tango argentino
Mas nem isso teria sentido

A música francesa erudita tocando no rádio
Fortalece minha tendência à apatia
E meus sentidos continuam sem sentido, não me comovem

Não sou espiritualista
Mas também não sou materialista
Sou o único carro na contramão da grande avenida,

Hoje pela manhã no ponto de ônibus
Nada me comoveu
Nem a fala cansada da pobre e triste senhora nordestina
Nem a face esfolada do homem embriagado pelas verdades da vida

Nada, nada me comove
A lua me observa na sacada sem traços ou expressão
O ruído dos carros não me incomoda,
De tempo em tempo, em busca de novos destinos, aviões cruzam o céu, mas também [não me incomodam

É noite. Poucas estrelas. Poucas palavras
Pássaros não cantam. É noite
Talvez o dia devesse chegar. Talvez o sol devesse apontar atrás do prédio da frente
Porque nesta noite, porque esta noite, nada, nada me comove