terça-feira, 20 de novembro de 2007

ONDE CANTA O SABIÁ.


Choro presente nos olhos d’ água
que um dia o passado sorriu
Choro por quanto canta o sabiá
e vejo o quanto me encanta a mangueira que balança sem frutos
As rolinhas brincam nos telhados onde mora a poesia
Eis que plaina a solidão nas penas da andorinha só, pena,
E só
Os tempos são outros

O homem respira a poeira oriunda da sua ignorância
Onde trafega rara lembrança da necessidade em respirar
Quando o sol adormece a noite
escuto a melodia dos motores que circulam minha cama
O tic tac do relógio na parede mistura-se aos estalos do semáforo
que julga o direito de ir e vir
As buzinas, sopranos, aceleram o coração dos cardíacos
enquanto os pés afoitos da ganância exacerbada ultrapassam o limite de velocidade permitido
E assim envelhecemos mais cedo
Desde então, a andorinha pia no inverno pobre dos homens
Criado em computador e reproduzido via-satélite, a cabo
Estamos a cabo da pretensão salarial

E acabo de crer

em algum lugar da minha terra canta um sabiá
sobre um poste de luz elétrica
Eis o que resta