sexta-feira, 31 de julho de 2009

QUALQUER COISA DE EGOÍSMO




Meu egoísmo tomou-me logo pela manhã
Escovei meus dentes
Tomei meu banho
Olhei-me no espelho
Arrumei meu cabelo
Fiz minha barba
Engraxei meus sapatos
Passei minha camisa de seda
Tomei meu café
Li meu jornal

Antes de ir para o meu trabalho
Olhei da minha sacada e
avistei:

Nos degraus da igreja matriz
o homem contava algumas poucas moedas
A prole, em volta, esperava qualquer coisa de alimento

Havia qualquer coisa de tristeza em seu sorriso
Havia qualquer coisa de esperança em seus olhos
Havia qualquer coisa de egoísmo no meu dia

PRIMEIRO POEMA



As palavras estavam lá
entrelaçavam-se entre
letras soltas

(l e t r a s s o l t a s)

sem tensões ou intenções
além de ainda não conhecerem
a medida dos tempos

Vagavam sem versos conexos ou desconexos
Entre estrofes inexistentes
Não havia sentido

........................ noNada

Até que me veio um poeta
pegou-me nas mãos
e um poema escorreu de mim na folha em branco

Já estava lá desde sempre

Poesia é como o sabor de uma fruta
já está na boca
antes mesmo de mordê-la