terça-feira, 18 de maio de 2010

AMANHÃ

AMANHÃ

Hoje, acordei
e não encontrei ar.
Vivi demais.
Pela manhã, a última janela fechava seus olhos.
O sol queimava a pele do passado.
E as folhas?
Secas,
secas e caídas...
...
e caindo.
Então, fiz poemas redondos
e girei em torno de si,
na rapidez expressa
de uma estrofe desconexa.
À noite, arrancaram as raízes do meu ventre,
e a saudade virou lembrança adormecida.
Sou fiel à altivez do tempo,
relapso contra-tempo de morte.
Livremente, levemente...
O acabado me define.

ANTROPÓFAFO AMOR

ANTROPÓFAGO AMOR

O amor é um lirismo abastado em fantasia,
declamada serenata,
poesia.
É fortuna hereditária,
colorida nos álbuns, lembranças de família.
Velho abraço de um pai,
olhar de mãe que nunca cansa.
O amor é isso e mais aquilo
no sorriso da criança.
São ponteiros que dançam na vida-relógio,
é o ato do fato, dar sem receber,
dança de almas, encontro melódico.
O amor é a união da fome com a vontade de comer.

FALANDO DE AMOR

FALANDO DE AMOR...(?)

Cansei-me de amar o amor que sinto.
Cansei-me de amar o amor que minto.
Os que se dizem amar
Escrevem tanto sobre o amor...
Onde está escrito que amar é escrever sobre?
Quem inventou o amor escreveu a receita
em papel toalha no fundo do mar.
Por que amo tanto? Por que não sei o porquê?
Não sei amar sem saber, não vou saber sem amar...
Por que tudo de amar dá barro nos olhos?
Barro que seca sob o sol do meio-dia.
De que dia? Barro? Que horas são?
O amar real é passível de loucura besta
E, se hoje é sexta, por que não deixei de te amar? Já faz uma semana.
Então, rolo na cama até que esse amor se vá.
Mas... e quando o outro chegar?