quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Referência

As duas fotografias em Preto e Branco abaixo postadas são do grande fotógrafo Sebastião Salgado, brasileiro, que saiu mundo afora registrando em fotografia a realidade do nosso mundo. Ele o fez com muita propriedade proporcionando a exatidão das características do movimento Expressionista das Vanguardas Européias no fim do século XIX e início do século XX.

A outra fotografia eu mesmo tirei, trata-se de uma das obras da arquitetura do Theatro Mvnicipal de São Paulo.

INSOSSO



INSOSSO

O amor me veio assim
bobo
amarelo
Instalou-se
Manteve-se
E eu não sei mais de mim.










Dr. Caligari
(Cinema Expressionista Alemão)
Década de 30

REAL IMAGINÁRIO


REAL IMAGINÁRIO


A realidade do sonho é a fantasia inventada pela imaginação
Sonhar é lançar objetivos ao vento e esperar que eles retornem
Fantasia é fingir ser sem sê-lo
é sorrir com os dentes do outro
é a criação do seu maravilhoso espelhado num projeto fictício de felicidade
O invento é o momento artístico concretizado em matéria condicionado pela imaginação
[do conhecimento prévio
No globo que gira concreticista
A Bela Adormecida não acorda com beijo,
mas com os tiros além morro;
A fada Sininho teria assassinado Wendy
por ciúmes de Peter Pan
e os meninos perdidos brincariam de vivo ou morto na cracolândia

A imaginação é a única verdade que não precisa ser comprovada,
pois é inerente ao indivíduo

Então,
Sonhe
Lance objetivos e não espere do vento o retorno
Fantasie-se de você mesmo, e o seja
Invente e prove para o seu eu o quanto aprendeu durante a caminhada

Sua realidade foi você quem inventou.

INFELICIDADE


INFELICIDADE


Cansei de respirar uma felicidade esbaforida
Cansada de se engasgar no soluço sórdido
Numa exatidão sem nexo e triste de alma

Sonhei com o momento em que seria feliz
E quando fui

não fui

A alergia eu adquiri
no meio da fumaça cinza, encefalicamente, expelida
Bastou-me um santo
E ajoelhei-me sobre as cinzas carbonizadas do meu consciente
Cuspi o vermelho dos meus pulmões cancerosos
Já que na vida sonhei demais

Não realizei meus compactos
Todos fragmentados no meio-fio
E o cão, sarnento e faminto,
Alimentou-se do meu fardo e morreu tarde

terça-feira, 20 de novembro de 2007

ONDE CANTA O SABIÁ.


Choro presente nos olhos d’ água
que um dia o passado sorriu
Choro por quanto canta o sabiá
e vejo o quanto me encanta a mangueira que balança sem frutos
As rolinhas brincam nos telhados onde mora a poesia
Eis que plaina a solidão nas penas da andorinha só, pena,
E só
Os tempos são outros

O homem respira a poeira oriunda da sua ignorância
Onde trafega rara lembrança da necessidade em respirar
Quando o sol adormece a noite
escuto a melodia dos motores que circulam minha cama
O tic tac do relógio na parede mistura-se aos estalos do semáforo
que julga o direito de ir e vir
As buzinas, sopranos, aceleram o coração dos cardíacos
enquanto os pés afoitos da ganância exacerbada ultrapassam o limite de velocidade permitido
E assim envelhecemos mais cedo
Desde então, a andorinha pia no inverno pobre dos homens
Criado em computador e reproduzido via-satélite, a cabo
Estamos a cabo da pretensão salarial

E acabo de crer

em algum lugar da minha terra canta um sabiá
sobre um poste de luz elétrica
Eis o que resta

segunda-feira, 19 de novembro de 2007


AMANHÃ


Hoje, acordei
e não encontrei ar.
Vivi demais.
Pela manhã a última janela fechava seus olhos
O sol queimava a pele do passado
E as folhas...? Secas
Fiz poemas redondos
Girei em torno de si
Arrancaram as raízes do meu ventre
e a saudade virou lembrança adormecida
Sou fiel à altivez do tempo
Relapso contra-tempo de morte
Livremente, levemente...
O acabado me define