terça-feira, 28 de julho de 2009

TEMPO DE REZA


TEMPO DE REZA


Eu era um descaso do acaso,
angariado na contramão de uma grande avenida
Os brilhos dos olhos lagrimantes de saudade
de um tempo escorrido nos relógios
refletiam a esperança do passado,
apagada na realidade de um presente sério.

Sou um verso solto,
uma estrofe desconexa,
um tom sem intenção.
Sou um eu lírico pouco idealizado,
idealizador,
desaliterado.
A melodia não me encontra,
e entre mim e ela
só a vontade de ser um pouco mais sonoro.
Armstrong soprar-me-ia entre notas
melodicamente melancólicas
La vie en rose.
O toque das teclas do piano
teria funções tristes de acompanhares,
intrínsecas em saudade.

O sol brilha belo
e entre as frestas da janela apodrecida pelos dias
entra a luz quente, ultraviolentamente,
alumiando os olhos amarelados do porta-retrato.

Nostalgia é ouvir o barulho que o silêncio faz
no tic tac do relógio.
Eu não. Sou mais do que isso.
Sou a saudade que a lembrança tem,
sou os sonoros passos lentos, quase mancos,
de entes que se foram já, tão cedo de minha vida.
Sou os credos, os padres-nossos...
Egoistamente,
amém.

2 comentários:

Daval disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daval disse...

hum... muito bom este, hein... gostei!
Já vinha acompanhando seu blog antes, mas vc deixou de atualizá-lo...
espero novos posts seus. Estarei leitor.
Abraços e obrigado pela visita!